O assunto do momento no mercado de seguros é, sem dúvida, o Open Insurance (OPIN para os íntimos). Mas as opiniões de quem tem estudado o tema são bastante heterogêneas: tem desde aqueles mais pessimistas que acreditam que “não vai decolar, é uma decepção” até os que atribuem ao OPIN o poder quase mágico de revolucionar por completo o mercado de seguros.
Quem está certo? Curiosamente, AMBOS têm alguma dose de razão. O OPIN é, ao mesmo tempo, decepção e disrupção. É na verdade, tudo isso e muito mais.
Para entender essa aparente contradição é preciso conhecer os 6 Ds do Crescimento Exponencial. Esse conceito foi criado por Peter Diamandis, empreendedor serial, fundador da Singularity University no Vale do Silício, bestseller do New York Times com 3 livros publicados e nomeado pela Fortune como um dos 50 maiores líderes mundiais em 2014.
O Brilho de Diamandis
Os 6 Ds é um framework que ganhou destaque em seu livro "Bold: How to Go Big, Create Wealth and Impact the World" co-escrito com Steven Kotler e publicado em 2015. No Brasil o livro foi publicado com o título “Bold: Oportunidades Exponenciais” e nele Diamandis detalha como as tecnologias exponenciais sempre passam por seis fases distintas: Digitalização, Decepção, Disrupção, Desmaterialização, Desmonetização e Democratização.
Esse conceito se tornou uma ferramenta valiosa para empreendedores, inovadores e líderes empresariais para entender como as tecnologias emergentes podem transformar indústrias e criar oportunidades.
Para entender os 6 Ds na prática, vamos aplicar o framework a tecnologias exponenciais já maduras e constatar que todas cumpriram essas mesmas etapas:
O que é uma Tecnologia Exponencial?
Peter Diamandis define uma tecnologia exponencial como aquela que segue uma trajetória de crescimento exponencial, em vez de linear. Em termos simples, em vez de crescer de forma constante e previsível (como degraus de uma escada), uma tecnologia exponencial dobra seu poder, eficiência ou impacto em intervalos regulares de tempo. Isso ocorre principalmente porque as tecnologias exponenciais se beneficiam da "Lei de Moore," que observa que o poder de processamento dos computadores tende a dobrar aproximadamente a cada dois anos.
Para entender o poder do crescimento exponencial, imagine que você tem em mãos uma folha bem fina de papel, digamos com 1 milésimo de milímetro (0,001 mm) de espessura. Agora imagine que você dobra esse papel ao meio. Isso significa que ele dobra de espessura (0,002 mm), certo? E se você dobrar mais uma vez, estará multiplicando a espessura original por quatro (0,004 mm). Se você pudesse dobrar o papel indefinidamente, precisaria de apenas 25 dobras para alcançar uma altura similar ao Empire State. E com apenas 45 dobras teríamos uma espessura de 345 mil quilômetros, algo próximo da distância entre a Terra e a Lua. Então quando pensar no poder do crescimento exponencial, pense em algo que pode te transformar numa espécie de Neil Armstrong do origami.
Diamandis esclarece ainda que para ser considerada potencialmente exponencial, uma tecnologia precisa possuir as seguintes características:
Acessibilidade: Inicialmente caras e inacessíveis, essas tecnologias rapidamente se tornam acessíveis para o público em geral.
Escalabilidade: A capacidade de atingir um grande número de pessoas ou resolver problemas em grande escala.
Velocidade: O ritmo acelerado de desenvolvimento e adoção.
Impacto Transformador: A habilidade de causar mudanças significativas em indústrias e sociedades.
Convergência: Muitas vezes, tecnologias exponenciais não operam isoladamente, mas convergem com outras, criando efeitos multiplicadores.
Mas e o OPIN?
Não resta dúvida que o Open Insurance tem todas as características que permitem o seu potencial exponencial para transformar o mercado de seguros. Estamos ainda nos primeiros passos do OPIN e temos uma longa jornada pela frente até alcançarmos a sonhada fase de Democratização. Nessa etapa, o Open Insurance atingirá sua maturidade e se tornará a mola propulsora para a ampliação significativa do acesso aos produtos de proteção a riscos por todas as camadas da sociedade.
Para que isso se concretize de fato, é imprescindível que os corretores de seguros liderem esse processo, pois esses profissionais são o elo entre a sociedade e a indústria de proteção a riscos. Se o OPIN coloca o cliente no centro de tudo – como o Sol no nosso sistema solar – o corretor é a força gravitacional que mantém todos os planetas (stakeholders da indústria de seguros) orbitando de forma harmônica e eficiente em torno da estrela maior, o segurado.
Com a importância do papel do corretor em mente, se aplicarmos o framework dos 6 Ds ao OPIN, podemos prever a seguinte jornada:
1. Digitalização: O Corretor Conectado
A digitalização da jornada do cliente e as APIs de integração permitindo que os corretores de seguros – por meio de suas SPOCs – acessem e processem informações de maneira mais eficiente, ampliando a qualidade dos serviços prestados ao cliente.
2. Decepção: Superando o Ceticismo
A fase de decepção pode trazer dúvidas iniciais sobre a segurança dos processos e tratamento de dados. Porém os protocolos de segurança já amplamente testados no Open Banking em todo o mundo e o robusto arcabouço jurídico alicerçado na LGPD trazem a confiança necessária. Nessa fase pode-se também questionar a relevância do corretor na era digital. No entanto, os corretores que se atualizam mostram que o fator humano é insubstituível e potencializa ainda mais as ferramentas de automação de processos que a tecnologia permite.
3. Disrupção: Corretores como Inovadores
A disrupção ocorre à medida que os corretores lideram a adoção das novas tecnologias e modelos de negócios. Eles mostram o caminho para o cliente - que experimenta uma nova forma de se relacionar com as soluções de proteção a riscos - explorando meios inovadores de interação e personalização.
4. Desmaterialização: A Nova Face dos Corretores
A desmaterialização significa a transformação do papel do corretor de seguros. Esses profissionais são verdadeiros evangelizadores da cultura de proteção a riscos, usando as ferramentas digitais para alcançar um público que nunca tomou consciência sobre a necessidade e acessibilidade dos produtos de seguros. São consultores que dominam os meios digitais, oferecendo insights e orientação personalizadas sem perder a humanização do relacionamento.
5. Desmonetização: Criando Valor
A desmonetização permite que os corretores ofereçam serviços mais acessíveis, personalizados e eficientes. As tecnologias empregadas nos processos permitem não apenas reduzir custos, mas também melhorar a experiência do cliente, ampliar a percepção de valor agregado, calcular de forma mais assertiva o risco segurado e reduzir drasticamente fraudes. Com menos atritos e perdas, é possível reduzir o custo ao consumidor e preservar as margens que mantém o negócio saudável ao mesmo tempo.
6. Democratização: Proteção a Riscos ao Alcance de Todos
A democratização torna os seguros mais acessíveis, e os corretores desempenham um papel vital nisso. A eles é confiada a nobre missão de tornar as soluções de proteção a riscos mais compreensíveis e acessíveis para todas as camadas da sociedade, contribuindo para a criação de um ambiente mais seguro e previsível para pessoas e negócios e abrindo um caminho de prosperidade para toda a sociedade.
O Futuro é Open
Gostamos sempre de pensar que o futuro é uma tela em branco e que vamos dar nossas cores e formas a partir de nossas decisões e ações. Nesse sentido, o futuro está aberto. Por um lado, nos conforta a ideia de que somos nós que traçamos nossos destinos e que não estamos condenados a um fim predeterminado. Por outro lado, isso coloca um peso em nossos ombros evidenciando a responsabilidade que assumimos toda vez que fazemos uma escolha. Nossa felicidade e sucesso dependem, em grande parte, de nossas ações. Por contraste, isso evidencia que a inação, a procrastinação e a dúvida são, portanto, inimigas do avanço e da evolução.
Se você é um corretor de seguros e está em dúvida sobre os próximos passos, não hesite: aja. Prepare-se para suprir novas expectativas dos clientes e atue de forma multifacetada, assumindo novos papéis:
Evangelizador: Dissemina a cultura de proteção a riscos e ajuda a criar uma sociedade formada por indivíduos que valorizam um modo de vida mais previdente e seguro como ferramentas para a prosperidade.
Inovador: Domina as ferramentas tecnológicas e as usa para ampliar sua capacidade de atuação - impactando mais pessoas - e para aprimorar a experiência do cliente, entregando mais valor com menor atrito no processo.
Conselheiro: É um especialista dedicado e oferece orientação personalizada e confiável, sempre defendendo os interesses dos seus clientes.
Lidere a transformação da sua indústria.
Conduza o consumidor a uma nova experiência.
O Open Insurance, assim como outras tecnologias exponenciais, em alguns momentos pode até suscitar dúvidas e apreensões. Mas já aprendemos com os 6 Ds que isso é parte de um processo de maturação que vai transformar o mercado de seguros e ampliar as possibilidades de proteção a riscos para mais pessoas. Só depende das nossas ações.
Como Peter Diamandis afirma, "The best way to predict the future is to create it yourself." Em tradução livre: “A melhor maneira de prever o futuro é criá-lo você mesmo”.
Portanto, mãos à obra e contem conosco!
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