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A Viabilidade do Open Insurance no Brasil e a Relevância do Corretor de Seguros no Novo Ecossistema Digital

Foto do escritor: Manuel MatosManuel Matos

O Brasil tem se consolidado como um dos países líderes em adoção de novas tecnologias, com destaque global na utilização de soluções digitais inovadoras. Um exemplo notório é a penetração de ferramentas de Inteligência Artificial (IA), como o ChatGPT, que tem transformado a interação com a tecnologia ao facilitar a comunicação entre humanos e máquinas. Esse movimento tecnológico, aliado ao avanço da digitalização no país, encontra paralelo no setor de seguros com a implementação do Open Insurance, um modelo que tem o potencial de modificar profundamente o ecossistema de seguros. Neste contexto, o papel do corretor de seguros, longe de ser marginalizado, se torna ainda mais estratégico, assumindo novas responsabilidades em uma era de maior transparência e personalização de produtos.


O Brasil, com uma cultura digital crescente e uma sociedade que rapidamente adota inovações tecnológicas, é um terreno promissor para a viabilidade do Open Insurance. O uso de plataformas digitais como WhatsApp, LinkedIn, Instagram e YouTube demonstra o apetite do brasileiro por ferramentas que simplifiquem o acesso à informação e às interações diárias. Essa predisposição à digitalização facilita o caminho para a aceitação de iniciativas que, como o Open Insurance, têm como objetivo oferecer uma experiência mais fluida e eficiente aos consumidores.


O Open Insurance, inspirado em iniciativas como o Open Banking, introduz um novo paradigma na maneira como dados de seguros são compartilhados e utilizados. Ele viabiliza a interconexão entre corretores, seguradoras e consumidores por meio de APIs (interfaces de programação de aplicativos) abertas, permitindo que o usuário tenha maior controle sobre seus dados e possa acessar ofertas personalizadas com base em seu perfil de risco e histórico. Nesse modelo, o consumidor ganha o poder de tomar decisões mais informadas e comparar diferentes produtos de forma transparente e assistida por seu corretor, o que gera uma revolução na experiência do usuário.


Enquanto o Open Insurance abre caminho para uma maior autonomia do consumidor, ele também redefine o papel do corretor de seguros, que passa de intermediário tradicional para um consultor altamente especializado. Com o acesso a um volume significativo de dados e com a possibilidade de utilizar ferramentas avançadas de análise, o corretor se encontra em uma posição estratégica para oferecer uma consultoria de valor elevado, baseada em insights precisos e personalizados.


Ao contrário do temor que a digitalização pode trazer de substituir o papel humano, o Open Insurance aumenta a relevância do corretor. Em um cenário onde o consumidor é constantemente bombardeado com opções, o corretor atua como curador, ajudando a traduzir os dados em soluções claras e adequadas às necessidades específicas de cada cliente. Isso eleva a figura do corretor de mero distribuidor de apólices para um verdadeiro gestor de riscos, com capacidade de orientar seus clientes na escolha de produtos que otimizem a relação custo-benefício.


Com o Open Insurance, o corretor ganha novas ferramentas para atender tanto os consumidores que preferem a conveniência do autoatendimento quanto aqueles que demandam um suporte assistido. No primeiro caso, ele pode atuar nos bastidores, garantindo que as plataformas digitais ofereçam as melhores opções de seguros de forma automatizada. No segundo caso, o corretor, munido de informações detalhadas, tem a oportunidade de fornecer uma experiência mais personalizada e de alta qualidade, sendo um elo de confiança entre o cliente e as seguradoras.


A viabilidade do Open Insurance no Brasil não está livre de desafios. Assim como a Inteligência Artificial enfrenta barreiras para uma adoção massiva devido às desigualdades socioeconômicas, o setor de seguros, tradicionalmente mais conservador, também precisará superar obstáculos para se adaptar à nova era digital. A principal barreira para o corretor de seguros será a necessidade de se capacitar tecnicamente, compreendendo as novas ferramentas e os processos de automação que o Open Insurance introduz.

 

Contudo, essa transição é inevitável e representa uma oportunidade de crescimento para os corretores que abraçarem a inovação. Assim como gestores de empresas em todo o país estão investindo em tecnologias de IA para otimizar suas operações, os corretores de seguros que adotarem o Open Insurance estarão à frente de um mercado mais competitivo e dinâmico. Aqueles que se recusarem a acompanhar essa transformação correm o risco de se tornarem irrelevantes, enquanto os que se anteciparem poderão colher os benefícios de um novo posicionamento de mercado, centrado no valor agregado que oferecem.


No contexto global, o Brasil apresenta um ambiente altamente favorável à implementação do Open Insurance. Em comparação com mercados como o dos Estados Unidos, onde a adoção da Inteligência Artificial e de tecnologias digitais está bem estabelecida, o Brasil encontra uma oportunidade única de inovar rapidamente, aproveitando a maturidade digital que já permeia a sociedade. O sucesso do Open Insurance em solo brasileiro pode se tornar um modelo de referência para outros países em desenvolvimento que buscam equilibrar inovação tecnológica com inclusão social.


Além disso, os investimentos que estão sendo realizados tanto por empresas nacionais quanto por grandes players globais em IA no Brasil são um indicativo de que o setor de seguros também seguirá essa tendência. As seguradoras já começam a entender que o futuro do mercado depende da sua capacidade de oferecer produtos mais acessíveis, eficientes e personalizados. O Open Insurance, ao abrir o caminho para esse tipo de inovação, potencializa a criação de novos modelos de negócios, com corretoras especializadas e insurtechs liderando o movimento.

 
 
 

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